Bandeira de Minas: a origem, o significado, a história e as estórias.

Cê tem ideia do porquê a bandeira de Minas tem um fundo branco, um triângulo vermelho (que já foi verde um dia) e uns trem ‘esquisito’ escrito em volta dele? A gente também num tinha nem ideia e mandamos a Equipe de Historiadores da Cria de Minas pra campo pra buscar respostas…

… e não achamos muitas, viu? Há várias controvérsias, achismos, informações sem fontes oficiais, meias verdades e por aí vai. Entretanto, achamos várias informações interessantes e curiosas e vamos dividir elas aqui com cês. Mas um ponto é fundamental: a origem da bandeira mineira está intrinsecamente ligada ao movimento da Inconfidência Mineira.

Um breve resumo

Resumindo muita história em poucas linhas, o triângulo da bandeira remeteria à santíssima trindade e teria sido proposto por Joaquim José da Silva Xavier – mais conhecido como Tiradentes e um dos participantes (e dependendo do ponto de vista, líder) da Inconfidência Mineira (movimento que buscava a libertação da Capitania de Minas Gerais do domínio da Coroa Portuguesa).

Sobre a cor do triângulo, você sabe que ela é vermelha, mas cê sabia que ele poderia ter vindo a ser verde? Pois é, mas vamos retomar isso em breve.

Já o dístico em latim – “Libertas quae sera tamen” (Liberdade ainda que tardia) – foi proposta por Alvarenga Peixoto, outro inconfidente, e foi retirada (e alterada) de um versículo do poeta romano Virgílio. Se você clicou no penúltimo linqui aí pra trás, você viu que há algumas controvérsias sobre a tradução de “Libertas Quæ Sera Tamen”. Para alguns seria “Liberdade ainda que tardia, todavia…”, mas isso não faria muito sentido. Para os que defendem a tradução liberdade ainda que tardia, a frase correta na bandeira deveria ser “Libertas Quæ Sera”, sem o “Tamen”, mas ainda bem que não fizeram isso, porque se tivessem a Cria de Minas não poderia ter criado essa estampa aqui ó:

LIBERTAS QUÆ SERA BÃO TAMEN – Estampa exclusiva Cria de Minas

Entretanto, antes que definissem a frase que seria usada na bandeira, outras sugestões foram dadas (todas em latim). Cláudio Manuel da Costa (também inconfidente) sugeriu os lemas: “Libertas a quo spiritu” (Liberdade do espírito) e “Aut libertas aul nihil” (Ou liberdade ou nada). Aqui fica claro que o que havia em comum em todas as possibilidades é a presença da palavra liberdade – um dos pilares do Iluminismo, movimento originado na França que inspirou não somente a Inconfidência Mineira, mas vários outros movimentos revolucionários ao redor do mundo.

História vai, estória vem, a bandeira mineira oficial ficaria assim, como você a conhece desde que nasceu:

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Massa, né? Mas vamos dar uma temperada mineira nessa história antes de chegarmos às considerações finais.

Falamos ali em cima que voltaríamos à questão do triângulo verde, correto? Portanto, vamos lá: segundo o entendimento de alguns historiadores, Tiradentes propôs que a bandeira que representaria a luta para separar Minas Gerais de Portugal tivesse o triângulo verde – cor símbolo das esperanças cívicas dos inconfidentes ou cor símbolo da revolução francesa? -, mas não há consenso sobre isso. O fato é que a bandeira da Província de Minas Gerais durante o breve regime do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1821-1822) e durante a Província do Império do Brasil (1822-1889) era com fundo branco e o triângulo verde. Ispia só:

Achou estranho? Então escuta (leia, rs) isso aqui: o esboço inicial da bandeira teria sido feito por Cláudio Manuel da Costa. Em seu desenho, ele propôs três triângulos nas cores da bandeira francesa: “fundo branco, representando o Poder Executivo, azul, representando o Poder Legislativo e vermelho representando o povo. No meio, um índio rompendo grilhões.” Olha que interessante:

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Ó, cê leu até aqui? Parabéns! Muita gente não chega nem no meio, hehe… Bem, como pudemos ver, a bandeira mineira fez um looongo trajeto até finalmente chegar na forma como todos nós, mineiros e brasileiros, a conhecemos hoje. Precisamente a “8 de janeiro de 1963, onde se regulamentou o triângulo vermelho, referência à cor-símbolo das revoluções e uma homenagem ao sangue derramado por Tiradentes”.

Considerações finais

Nós aqui da Cria de Minas achamos muito legal – nobre até – que a bandeira de Minas represente uma luta que desejava emancipação através da insubordinação, mas nós acreditamos em mais. Impostos excessivos e dívidas tributárias podem até ter sido a motivação principal de uma parte da elite colonial mineira que queria a separação de Portugal e a criação de uma nova República, mas também acreditamos (porque queremos acreditar, rs) que havia nos inconfidentes, sobretudo em Tiradentes, um desejo – mesmo que ainda não claro – de cortar relações com a Coroa Portuguesa e criar um novo país que poderia, enfim, cultivar suas próprias raízes, símbolos, sentidos e significados.

CURIOSIDADES

Inconfidência ou Conjuração Mineira? Politicamente falando, conjuração seria uma “ação conduzida por um grupo, mediante um acordo secreto, visando alterar ou subverter o poder político estabelecido, enquanto inconfidência seria a “falta de fidelidade para com alguém, particularmente para com o soberano ou o Estado”. Convenhamos que ambas expressões podem ser utilizadas sem danos ao contexto histórico, entretanto foi o termo inconfidência que se popularizou no Brasil.
Tiradentes foi proclamado Patrono das Polícias Militares do Brasil e da nação brasileira em 1965.
Tiradentes é o único brasileiro cuja data de morte virou feriado nacional – 21 de abril.

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Estudos recentes

A equipe de Linguística da Cria de Minas realizou um novo e minucioso estudo sobre a frase “Libertas Quæ Sera Tamen” e descobriu que uma das possíveis traduções seria BÃO DIMAI DA CONTA, SÔ – ‘e pra quem provar que a Cria tá mentindo, a gente tira o nosso chapéu’ 😅🔺